Triste e abatido: Bolsonaro fala sobre condenação e choca ao dizer q… Ver mais

Em entrevista ao UOL nesta quarta-feira (14), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reacendeu a tensão no cenário político nacional ao declarar de forma enfática que pretende disputar novamente a Presidência da República em 2026. “Não é estratégia política. Eu vou até o último segundo!”, afirmou com firmeza.
A declaração, feita em meio a uma série de processos que o tornam inelegível, é vista como um gesto calculado para manter sua base mobilizada e colocar pressão sobre o Judiciário. O ex-presidente também aproveitou para fazer comparações com o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), relembrando as circunstâncias de sua prisão e candidatura em 2018.
Um retorno polêmico ao jogo político
Mesmo diante da inelegibilidade determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Jair Bolsonaro se mostra determinado a manter viva sua presença no jogo político. O motivo da sanção foi a reunião com embaixadores em que criticou o sistema eleitoral brasileiro, além de sua participação em atos públicos questionando as urnas eletrônicas — episódios considerados abusos de poder político.
Questionado se poderia seguir os passos de Lula e registrar candidatura mesmo impedido legalmente, Bolsonaro não hesitou: “O caso dele não tem comparação com o meu. Lula foi condenado em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro. Eu não fui condenado por nenhum crime dessa natureza. Estamos falando de coisas completamente diferentes”.
A fala aponta para uma estratégia de distinção moral, em que Bolsonaro tenta reforçar a narrativa de perseguição política e se apresentar como vítima de decisões judiciais controversas.
“Tenho esperanças de reverter tudo isso”
Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que ainda acredita em uma possível reversão da sua inelegibilidade. Ele demonstrou confiança na possibilidade de que o Supremo Tribunal Federal (STF) reveja o entendimento atual ou que surjam fatos novos que possam mudar o curso de sua situação jurídica.
“Eu tenho esperanças de reverter tudo isso”, disse, em referência direta ao processo que ainda tramita no STF. No entanto, também reconheceu a gravidade do cenário e admitiu: “Se eu for condenado a mais de 20 anos, acabou. Aí minha vida política termina”.
A frase chamou atenção e pode ser interpretada como um raro momento de reconhecimento da realidade jurídica que o cerca, ainda que envolta em críticas ao sistema.
O papel da militância e os bastidores da direita
Apesar da inelegibilidade, Bolsonaro permanece como figura central da direita brasileira. Seus apoiadores continuam mobilizados, e o ex-presidente segue viajando o país, participando de eventos e reforçando alianças com lideranças regionais e parlamentares. Nos bastidores, seu nome ainda é o mais forte entre os conservadores para a disputa presidencial de 2026.
Especialistas avaliam que mesmo inelegível, Bolsonaro é peça-chave na construção do cenário eleitoral futuro. Ele pode indicar um sucessor, influenciar alianças e manter a polarização política que tem marcado o país desde 2018.
Comparações com Lula: retórica e estratégia
Ao comparar seu caso ao de Lula, Bolsonaro aposta em uma estratégia já conhecida: se colocar como opositor direto do petismo, reforçando a ideia de que ambos são os principais polos da política brasileira. “Lula foi preso, mas conseguiu mobilizar seu eleitorado. Eu estou sendo impedido por reuniões e discursos”, ironizou.
A comparação, porém, tem suas limitações. Enquanto Lula teve condenações anuladas por questões processuais e recuperou seus direitos políticos, Bolsonaro ainda enfrenta investigações em curso, inclusive no inquérito das milícias digitais, que podem agravar sua situação.
O futuro ainda indefinido
Apesar da retórica confiante, o futuro de Bolsonaro permanece incerto. A ação penal no STF e as investigações em andamento podem resultar em novas condenações, o que complicaria ainda mais seus planos políticos. Ainda assim, sua disposição em manter-se como protagonista do debate público indica que ele não pretende desaparecer do cenário tão cedo.
Em um momento em que o Brasil vive um ambiente político de alta polarização, a promessa de Bolsonaro de disputar as eleições de 2026 — mesmo sob risco de inelegibilidade — reacende debates sobre os limites entre justiça, política e democracia.
