POLÍTICA

Após visitar Bolsonaro: Tarcísio deixa o Brasil entristecido ao revelar que ele nã… Ler mais

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a se posicionar sobre um dos temas mais sensíveis da política nacional: a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Durante visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que cumpre prisão domiciliar em Brasília, Tarcísio afirmou que a medida seria um “caminho de pacificação” para o país. O encontro, realizado nesta segunda-feira (29), durou cerca de três horas e terminou com declarações que colocam o governador no centro do debate político sobre o futuro da direita no Brasil.

Segundo Tarcísio, Bolsonaro vive um momento delicado de saúde e emocional. “O presidente está passando por um momento difícil. É nesse momento difícil que os amigos têm que aparecer, têm que dar a mão, têm que prestar solidariedade. É muito triste ver o presidente na situação em que ele está, conversando e soluçando”, relatou o governador. A fala ecoou não apenas entre apoiadores do ex-presidente, mas também entre críticos que apontam a tentativa de humanizar a imagem de Bolsonaro em meio a suas batalhas judiciais.

Embora tenha negado que o Projeto de Lei da Anistia tenha sido tratado diretamente na reunião, Tarcísio defendeu publicamente a iniciativa. Para ele, muitas pessoas condenadas não tinham plena consciência do que estavam fazendo ao participar das manifestações que resultaram em depredação de prédios dos Três Poderes. “Acredito em um caminho de pacificação. Acho que muitas pessoas que estão presas não sabiam o que estavam fazendo. Já cumpriram, já entenderam que toda depredação é deplorável, condenável. Não se trata de impunidade, mas de reconquistar um caminho para a paz”, afirmou.

O governador também comentou a proposta alternativa defendida pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do chamado PL da Dosimetria, que prevê apenas a redução de penas. Tarcísio foi categórico ao afirmar que a ideia não satisfaz o campo bolsonarista. “Não é suficiente. O que satisfaz é a anistia. É isso que pode dar um passo rumo à pacificação”, declarou. A posição do governador, que até então evitava embates diretos sobre o tema, reforça sua conexão com a base eleitoral do ex-presidente e sua tentativa de consolidar liderança dentro da direita.

Apesar de sua proximidade com Bolsonaro, Tarcísio afastou especulações sobre uma candidatura presidencial em 2026. Em entrevista coletiva após o encontro, ele garantiu que sua prioridade é a reeleição ao governo de São Paulo. “Sou candidato à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes”, disse, reforçando que não houve discussões sobre uma candidatura da direita ao Planalto durante a conversa com o ex-presidente. A declaração, no entanto, não foi suficiente para silenciar rumores de que Tarcísio possa ser lançado como alternativa a Bolsonaro em caso de inelegibilidade definitiva.

Essa foi a segunda vez que Tarcísio visitou Bolsonaro desde que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou sua prisão domiciliar por descumprimento de ordens judiciais. É também a primeira visita após a condenação do ex-presidente por tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto e, no encontro desta segunda, contou com a presença de dois filhos: o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador Jair Renan (PL-SC). A reunião, portanto, não foi apenas um gesto de solidariedade, mas também um sinal político à base bolsonarista.

A fala de Tarcísio reacende o debate sobre como o campo da direita pretende se reorganizar diante das dificuldades jurídicas e eleitorais de Bolsonaro. Ao mesmo tempo em que demonstra lealdade ao ex-presidente, o governador de São Paulo também se apresenta como uma figura moderada, capaz de dialogar com diferentes setores e defender uma pauta de pacificação nacional. Essa postura pode ser interpretada tanto como uma estratégia de fidelidade quanto como um movimento calculado para manter-se viável em um futuro cenário eleitoral. Em qualquer dos casos, as declarações desta segunda-feira mostram que Tarcísio não apenas busca preservar Bolsonaro, mas também se posiciona como um ator fundamental na disputa pelo rumo político do Brasil.