Confirmado: Nas eleições de 2026 Bolsonaro disse que vai.. Ler mais

Em meio à disputa silenciosa pela liderança da direita brasileira, aliados próximos de Jair Bolsonaro (PL) afirmaram à CNN Brasil que o ex-presidente já teria admitido apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como candidato à Presidência da República em 2026. O anúncio, no entanto, deve ficar para fevereiro de 2026, conforme o próprio Bolsonaro teria sugerido. A escolha da data não é apenas simbólica: reflete uma estratégia calculada para manter a base mobilizada e, ao mesmo tempo, preservar o espaço político de ambos até o início efetivo da campanha.
Segundo fontes ligadas ao PL, Bolsonaro também tem um desejo claro — e potencialmente explosivo no cenário político — de ver a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como vice na chapa de Tarcísio. A ideia, que circula nos bastidores desde o início do ano, reforça a tentativa de unir dois dos principais símbolos do bolsonarismo: a gestão técnica e conservadora de Tarcísio em São Paulo e o apelo popular e religioso de Michelle, que segue como uma das figuras mais queridas entre os apoiadores do ex-presidente.
O plano, contudo, não é isento de riscos. De acordo com interlocutores próximos, o próprio Bolsonaro teria aconselhado Tarcísio a permanecer focado em São Paulo até 2025, evitando qualquer movimento precipitado que possa dar munição a adversários. A meta é clara: concluir obras, entregar resultados e consolidar a imagem de um gestor eficiente antes de se apresentar como presidenciável. Assim, o governador pretende escapar do desgaste de ser acusado de abandonar o estado em nome de um projeto nacional — um erro que, segundo aliados, poderia custar caro na construção de sua candidatura.
Enquanto o PL desenha esse “plano de voo”, o Centrão — bloco de partidos que se tornou peça-chave em qualquer articulação eleitoral — segue em outra direção. Fontes em Brasília afirmam que o grupo quer definir o nome da direita até dezembro deste ano, evitando um vácuo de liderança que possa favorecer a esquerda ou dividir o campo conservador. Essa pressa, entretanto, tem gerado ruídos dentro da base bolsonarista. O principal motivo: parte do Centrão tem se aproximado de Ratinho Jr. (PSD), governador do Paraná, que aparece como uma alternativa mais pragmática e com menor rejeição no centro político.
A aproximação entre o Centrão e Ratinho Jr. é vista com cautela no entorno de Bolsonaro. Embora o governador paranaense mantenha uma relação amistosa com o ex-presidente, ele tem evitado se alinhar completamente ao bolsonarismo, adotando uma postura mais independente. Esse comportamento desperta desconfiança entre os aliados mais fiéis de Bolsonaro, que veem o movimento como uma tentativa do Centrão de construir um nome próprio para 2026 — alguém que possa unir a direita sem depender do aval direto do ex-presidente.
Para o PL, adiar o anúncio da chapa Tarcísio-Michelle é, portanto, uma jogada estratégica. Além de permitir que Tarcísio mantenha o foco em sua gestão, o partido aposta que a demora criará expectativa e fortalecerá o discurso de união em torno de Bolsonaro. O ex-presidente, por sua vez, busca consolidar sua posição como principal articulador da direita, mostrando que continua no comando mesmo sem ocupar um cargo público. A eventual entrada de Michelle na disputa adiciona um ingrediente emocional e simbólico à equação, capaz de reenergizar a base conservadora e disputar espaço com o carisma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ainda assim, o cenário está longe de ser definitivo. Entre os bastidores, há quem veja o apoio de Bolsonaro a Tarcísio como inevitável — e até natural —, mas também há quem acredite que o ex-presidente mantém cartas na manga, testando a lealdade e a força de seus aliados antes de se comprometer publicamente. A incerteza faz parte do jogo. E, como costuma acontecer na política brasileira, os próximos meses prometem ser decisivos para definir não apenas quem será o nome da direita em 2026, mas também quem controlará o legado do bolsonarismo — um capital político que, mesmo após quatro anos fora do Planalto, continua sendo um dos mais disputados do país.
