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Através da cor da urina que o cantor Chrystian descobriu que estava gravemente doente, muito cuidado se… Ver mais

O cantor sertanejo Chrystian, que fazia dupla com Ralf, faleceu nesta quarta-feira (19) em São Paulo. De acordo com a assessoria do artista, ele havia sido diagnosticado com uma condição médica que exigia repouso imediato e tratamento especializado.

Em fevereiro deste ano, a equipe de Chrystian revelou que ele sofria de uma condição genética chamada rim policístico, que comprometia significativamente a função renal. Essa doença hereditária faz com que se formem múltiplos cistos nos rins, afetando seu funcionamento.

O cantor estava na lista para realizar um transplante de rim até o final de 2024, e sua esposa, Key Vieira, havia se prontificado a ser a doadora. Infelizmente, o agravamento da condição de Chrystian impediu que ele pudesse aguardar até o procedimento.

O que é o rim policístico?

A doença renal policística é uma condição hereditária, o que significa que pode ser transmitida dos pais para os filhos. Lúcio Requião, médico presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia e diretor clínico do Hospital do Rim em São Paulo, explica que uma em cada mil pessoas apresenta essa condição, tornando-a relativamente comum.

“Para cada característica genética, recebemos um gene da mãe e um gene do pai. No caso da doença autossômica dominante, basta que um dos genes herdados esteja afetado para que a condição se manifeste. Portanto, geralmente, quem tem rim policístico tem um dos pais com a mesma doença”, esclarece Requião.

Como a doença afeta os rins?

O rim policístico é caracterizado pela formação de múltiplos cistos dentro dos rins, o que provoca inchaço e distorções anatômicas. “No processo de formação da urina, que é a principal função dos rins, a estrutura tubular é alterada devido ao gene defeituoso. Ao invés de formar túbulos, desenvolvem-se dilatações e cistos. O rim aumenta de tamanho e perde sua forma usual”, detalha Lúcio Requião.

Um rim saudável de um adulto tem entre 10 a 12 centímetros, enquanto um rim policístico pode alcançar até 25 centímetros, o que exemplifica a gravidade da dilatação.

Sintomas do rim policístico

No estágio inicial, os rins policísticos geralmente não apresentam sintomas. Porém, conforme a doença avança e os cistos aumentam, o paciente pode sentir dor e uma sensação de estômago cheio devido ao tamanho aumentado dos rins. “O volume de urina também pode diminuir em alguns casos”, afirma Pedro Junqueira, urologista doutor pela USP.

Com o aumento dos rins, o abdômen pode apresentar massas irregulares, levando a uma barriga inchada. “Isso acontece porque os cistos não são lisos, são irregulares. Além disso, o crescimento do rim pode comprimir outros órgãos, causando dor”, explica Lúcio Requião.

Necessidade de transplante

Nem todas as pessoas com rim policístico necessitarão de um transplante renal. Pedro Junqueira observa que, no caso de Chrystian, os cistos provavelmente aumentaram em número e volume, comprometendo a parte funcional dos rins. Com a progressão da doença, a necessidade de substituição renal através de hemodiálise ou transplante torna-se inevitável.

Lúcio Requião acrescenta que outras condições, como diabetes e hipertensão, também podem levar à necessidade de um transplante renal. No Brasil, dos 150 mil pacientes em diálise em 2022, apenas 4% estavam nessa situação devido à doença renal policística. As principais causas continuam sendo a hipertensão e o diabetes.

Tratamento da doença renal policística

A doença renal policística não tem cura, mas o tratamento visa retardar o crescimento dos cistos e gerenciar os sintomas. Lúcio Requião explica que os tratamentos atuais não alteram a mutação genética que causa a doença. “As medidas incluem aumento da ingestão de água, controle rigoroso da pressão arterial e uma dieta saudável”, afirma.

Em conclusão, a morte de Chrystian representa uma grande perda para a música sertaneja brasileira. Sua batalha contra o rim policístico trouxe à luz a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado dessa condição genética. Seu legado musical e a conscientização sobre a doença permanecerão como parte de sua memória duradoura.