BRASIL DE LUTO: Globo acaba de perder grande ATRIZ, a querida G… Ver mais

Nesta quarta-feira (21), o Brasil se despediu de um de seus grandes nomes da dramaturgia. Dorinha Duval, atriz que deu vida à primeira versão da temida e carismática Cuca no programa infantil Sítio do Picapau Amarelo, faleceu aos 96 anos. A notícia foi confirmada por sua filha, a também atriz Carla Daniel, por meio de uma publicação emocionante nas redes sociais.
“É com tristeza, mas alívio que nos despedimos. Mãe, avó, amiga e que nos trouxe bons momentos de alegria para o público brasileiro. Te amo”, escreveu Carla, resumindo em poucas palavras o sentimento de perda e gratidão por uma vida repleta de arte.
Início nos palcos: a vedete que brilhou antes das câmeras
Nascida Dorah Teixeira, em 1929, na cidade de São Paulo, Dorinha Duval teve uma trajetória marcada por múltiplos talentos. Antes de se consagrar nas novelas, iniciou sua carreira como vedete, bailarina e cantora. Atuando em boates e cassinos durante a era de ouro dos espetáculos musicais, Dorinha conquistou o público com sua presença magnética e versatilidade artística.
Foi justamente esse brilho nos palcos que a levou a transitar para a televisão. Seu carisma e domínio cênico não passaram despercebidos e logo renderam convites para participar de novelas da Rede Globo, na época em plena expansão.
Personagens que marcaram época
O talento de Dorinha brilhou em várias produções de destaque. Nos anos 1970, participou de duas das novelas mais emblemáticas da teledramaturgia brasileira: Irmãos Coragem e O Bem-Amado. Em ambas, demonstrou sua capacidade de se reinventar em diferentes papéis, sempre com intensidade e autenticidade.
No entanto, foi em 1977 que ela entrou definitivamente para a memória afetiva de gerações de brasileiros. Interpretando a bruxa Cuca na primeira adaptação televisiva de O Sítio do Picapau Amarelo, Dorinha eternizou a personagem com uma atuação que equilibrava o assustador e o cômico na medida exata. Sua performance, marcada pela voz grave, gestos exagerados e expressões faciais teatrais, transformou a vilã folclórica em um ícone da cultura pop nacional.
Vida pessoal e bastidores
Dorinha Duval foi casada durante uma década com o ator e diretor Daniel Filho, com quem teve sua única filha, Carla Daniel. O relacionamento, embora marcado por fases conturbadas — que chegaram a ser abordadas em entrevistas e biografias —, também foi um capítulo importante de sua vida pessoal e profissional.
Fora dos holofotes, Dorinha teve uma trajetória marcada por recomeços. Em diversos momentos, ela optou por se afastar da televisão para cuidar da saúde e da família. Sua última aparição na TV aconteceu em 2006, na novela Belíssima, onde fez uma participação especial que foi recebida com carinho pelo público e pela crítica.
Um legado além da tela
Mais do que uma atriz de talento reconhecido, Dorinha Duval foi pioneira. Em uma época em que o protagonismo feminino ainda era restrito a determinados estereótipos, ela ousou ocupar espaços e interpretar personagens complexas, desafiando normas e expectativas.
Sua interpretação da Cuca influenciou gerações e ajudou a consolidar a imagem do personagem no imaginário coletivo. Além disso, sua presença em obras importantes da televisão brasileira contribuiu para a consolidação do modelo de teledramaturgia que hoje é exportado para o mundo.
Memória viva da TV brasileira
Com sua partida, Dorinha deixa um legado que ultrapassa as fronteiras do entretenimento. Sua contribuição para as artes cênicas brasileiras é inegável e continuará viva por meio de suas obras, lembranças dos colegas de profissão e do carinho dos fãs.
A atriz será lembrada não apenas por seus personagens marcantes, mas também por sua coragem em se reinventar e por sua dedicação incansável à arte de interpretar. Em tempos de tantas transformações culturais, figuras como Dorinha Duval são ainda mais valiosas: símbolos de uma era que moldou o que hoje conhecemos como televisão brasileira.
Um adeus com gratidão
Aos 96 anos, Dorinha Duval parte deixando uma história rica em emoção, talento e resiliência. Sua despedida é, ao mesmo tempo, uma celebração de uma vida que tocou milhões de pessoas — seja pelo medo inocente da Cuca ou pela admiração por uma mulher à frente de seu tempo.
