Em ato de anistia: Bolsonaro abatido emociona a todos ao pedir q… Ver mais

Sob o céu azul de Brasília, a Esplanada dos Ministérios foi palco de mais um capítulo da polarização política brasileira. Na tarde desta quarta-feira (7), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) subiu ao trio elétrico e falou a uma multidão de apoiadores que participaram da “Caminhada Pacífica pela Anistia Humanitária”. O objetivo do ato: pressionar o Congresso Nacional a aprovar a anistia aos presos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Com voz firme, Bolsonaro agradeceu o apoio constante de seus seguidores, evocou a liberdade como um valor inegociável do povo brasileiro e lançou uma crítica direta ao Supremo Tribunal Federal (STF). “A anistia é uma decisão política e exclusiva do Parlamento. Votou, acabou. Ninguém tem que se meter”, afirmou, sob aplausos.
Destaques do Ato:
- Tema central: Anistia aos presos do 8 de Janeiro
- Presenças notáveis: Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Valdemar Costa Neto
- Local: Esplanada dos Ministérios, Brasília
- Público estimado (segundo organização): cerca de 10 mil pessoas
- Clima: Pacífico, sem registro de confrontos
Um discurso de resistência
Mesmo se recuperando de uma cirurgia intestinal, Bolsonaro fez questão de marcar presença no evento, acompanhado da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Em seu discurso, o ex-presidente classificou o momento político atual como “triste e doloroso”, mas exortou a população a não perder a esperança. “O Brasil tem vocação para a liberdade. E isso ninguém nos tira”, disse.
O tom do discurso foi marcado por frases de efeito e provocações veladas. Em especial, direcionou críticas ao STF, que lidera o julgamento dos envolvidos nos ataques às sedes dos Três Poderes. A fala de Bolsonaro reforça a tese defendida por setores da oposição: que a anistia é um caminho legítimo, dentro das prerrogativas do Legislativo.
O que é o PL da Anistia?
O Projeto de Lei da Anistia propõe o perdão judicial para aqueles que participaram dos atos de vandalismo e invasão dos prédios públicos no 8 de Janeiro. A proposta é capitaneada por parlamentares da oposição e, segundo informações de bastidores, já conta com mais de 200 assinaturas — número próximo das 257 necessárias para a tramitação em regime de urgência.
Caso atinja esse quórum, o projeto poderá ser votado diretamente em Plenário, sem passar pelas comissões temáticas. Isso aceleraria de forma significativa o processo, que hoje está estagnado devido à alta pressão política e jurídica que o cerca.
Repercussão e adesão
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, também discursou durante o evento e destacou a presença de Bolsonaro como fator decisivo para a mobilização. “Se ele tivesse se recuperado uma semana antes, essa Esplanada teria dobrado de público”, afirmou. O dirigente partidário também defendeu o caráter pacífico da manifestação e criticou o sofrimento prolongado dos detidos. “Temos que acabar com essa dor que já dura dois anos”, completou.
Embora não haja uma estimativa oficial da Polícia Militar do Distrito Federal, imagens aéreas mostram grande concentração de manifestantes, com bandeiras, faixas e cartazes pedindo “liberdade” e “justiça”. O clima foi tranquilo, sem registros de tumulto ou confrontos.
O que está em jogo?
O debate sobre a anistia coloca em lados opostos dois pilares da República: o Legislativo, pressionado por grupos conservadores para aprovar o PL, e o Judiciário, que enxerga a medida como uma ameaça à responsabilização dos envolvidos em ataques ao Estado Democrático de Direito.
Além disso, a presença ativa de Bolsonaro no cenário político reacende a polarização e coloca o ex-presidente de volta ao centro das discussões nacionais. Ainda inelegível, ele tenta manter sua base mobilizada e influente — seja nas ruas, seja nos corredores do Congresso.
E agora?
O futuro da proposta dependerá da articulação política nos próximos dias. Se a oposição conseguir reunir as assinaturas restantes, a pressão sobre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aumentará. Lira, que tem se mantido cauteloso sobre o tema, poderá ser decisivo ao definir a pauta do Plenário.
Enquanto isso, o STF segue julgando individualmente os envolvidos nos atos do 8 de Janeiro, com penas que já ultrapassam 15 anos de prisão em alguns casos.
Tópicos relacionados:
- Histórico dos atos de 8 de Janeiro
- A posição do STF sobre anistia
- Caminhada Pacífica pela Anistia: como surgiu
- Situação jurídica de Jair Bolsonaro
- Papel de Michelle Bolsonaro no novo cenário político
- Divisão entre Judiciário e Legislativo
- Impacto da anistia na democracia brasileira
