FIM DOS TEMPOS: Mãe MAT4 filho de 11 meses, ele não deixava ela fazer s… Ver mais

Por trás de uma porta comum em São Pedro do Sul, no coração do Rio Grande do Sul, escondia-se uma história que agora estremece uma cidade inteira — e que pode ser apenas o início de uma investigação muito mais profunda.
Era uma manhã aparentemente tranquila de 29 de novembro de 2024 quando uma mulher de 36 anos chegou ao hospital municipal com o filho de 11 meses nos braços. O bebê, pálido, quase inconsciente, mal reagia. Poucas horas depois, a equipe médica decretava a morte da criança por parada cardiorrespiratória. A princípio, um caso trágico, porém “natural”, causado por uma severa gastroenterite. Mas havia algo errado. Algo que os olhos experientes dos profissionais de saúde não conseguiram ignorar. E estavam certos.
Meses depois, o caso voltou às manchetes de forma estarrecedora. A Polícia Civil prendeu preventivamente a mãe da criança, acusada de ter contribuído diretamente para a morte do próprio filho. O motivo? Um laudo toxicológico revelou uma substância surpreendente no corpo do bebê: amitriptilina, um antidepressivo potente com efeitos sedativos, indicado apenas para adultos — e jamais recomendado para bebês.
O que havia por trás daquele rosto calmo de mãe enlutada?
A pergunta ecoou entre os investigadores que retomaram o caso com mais atenção. O que começou como uma morte infantil aparentemente acidental passou a carregar um peso de suspeita, revelações obscuras e, talvez, negligências do passado.
O laudo de necropsia foi contundente: a causa oficial da morte foi asfixia por broncoaspiração — agravada, segundo especialistas, pelos efeitos colaterais da amitriptilina no organismo já enfraquecido do bebê. Segundo a polícia, a droga teria deprimido o sistema nervoso central da criança, reduzindo reflexos essenciais à respiração e à deglutição, o que potencializou o risco de broncoaspiração. Mas como essa substância foi parar no corpo de um bebê?
Essa é uma das perguntas que ainda ecoam no inquérito. Mais assustador ainda foi o que os investigadores descobriram ao aprofundar o histórico familiar da suspeita: a mulher havia perdido outros dois filhos pequenos, um em 2017 e outro em 2018, ambos antes de completarem quatro anos. Nenhum desses casos foi investigado à época.
Coincidência ou padrão?
Para a polícia, as coincidências são demasiadas. Especialmente considerando que ela tem outros quatro filhos vivos — todos atualmente sob proteção. “A princípio, ninguém suspeita de uma mãe que perde um filho. Mas três, em circunstâncias distintas e sem explicações claras, acende um alerta”, afirma um dos delegados envolvidos no caso.
O promotor responsável pelo pedido de prisão preventiva foi direto: “Estamos lidando com uma situação gravíssima. É fundamental proteger as outras crianças e entender o que realmente ocorreu com os filhos anteriores.”
Amitriptilina: o veneno silencioso
A presença dessa substância no organismo da criança foi o fio que desatou o novelo. Usada para tratar depressão, enxaqueca e distúrbios do sono, a amitriptilina é considerada altamente tóxica em doses erradas — especialmente em crianças. Entre os efeitos colaterais mais perigosos estão alterações cardíacas, sonolência extrema, confusão mental e até coma. Em bebês, os riscos são potencializados.
A mãe permanece presa preventivamente, à disposição da Justiça. Seu depoimento oficial ainda é mantido em sigilo, mas fontes ligadas ao caso apontam que ela nega ter administrado a substância intencionalmente.
O passado que volta a bater à porta
O que aconteceu com os outros dois filhos? Por que as mortes nunca foram investigadas com profundidade? Teria o Estado falhado duas vezes antes que uma terceira tragédia finalmente levasse as autoridades a agir?
Fontes próximas à investigação afirmam que há uma força-tarefa sendo organizada para reabrir os casos anteriores. O Ministério Público já solicitou acesso aos prontuários médicos das crianças falecidas em 2017 e 2018. As famílias envolvidas, porém, preferem o silêncio.
As perguntas que permanecem no ar
Por enquanto, a comunidade de São Pedro do Sul vive entre o choque e a indignação. Muitos conheciam a mulher, seus filhos, sua rotina aparentemente normal. Agora, tentam entender se estavam diante de uma mãe marcada por infortúnios ou de algo ainda mais perturbador.
O caso ainda está longe de ser encerrado. A reabertura dos processos anteriores pode trazer à tona um histórico oculto de negligência, abuso — ou pior. Os investigadores trabalham para montar o quebra-cabeça completo, peça por peça.
Enquanto isso, a prisão da mulher deixa um rastro de dúvida e medo: quantas outras histórias parecidas ainda passam despercebidas?
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