POLÍTICA

MEU DEUS: Olha só o que o Haddad disse sobre Bolsonaro, el… Ver mais

Por trás do discurso oficial, um embate velado ganhou corpo nas entrelinhas do Planalto nesta segunda-feira (30). O que deveria ser apenas o lançamento de um programa agrícola virou palco para um confronto político carregado de tensão. E, desta vez, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não economizou nas palavras.

Com ares de desabafo e tom de desafio, Haddad rompeu a formalidade do evento ao mirar diretamente em seu velho adversário: o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Sob o olhar atento de aliados e da imprensa, o ministro abriu feridas antigas e reacendeu uma disputa que parece longe de acabar.

“Esse nem foi julgado ainda e já tá pedindo perdão”, disparou Haddad, referindo-se à tentativa de Bolsonaro em buscar anistia antes mesmo de enfrentar a Justiça. A frase, dita diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ecoou pelo salão como um alerta — ou, para muitos, como um ataque calculado.

A fala incendiária veio durante a cerimônia de lançamento do novo Plano Safra para a agricultura familiar. Mas o que parecia ser apenas mais um anúncio técnico, logo se transformou em um dos episódios políticos mais comentados do dia.


O Fantasma da Prisão e o Orgulho Ferido

Em um momento carregado de emoção e simbolismo, Haddad relembrou os 580 dias que Lula passou preso na sede da Polícia Federal em Curitiba. O ministro fez questão de contrastar o comportamento do atual presidente com o de Bolsonaro, traçando um paralelo que beirou o confronto pessoal.

“O senhor nunca pediu anistia, nunca pediu perdão, nunca pediu nada disso”, afirmou Haddad, olhando diretamente para Lula. “Teve a dignidade de pedir justiça. Já o outro… corre. Corre do debate, corre da verdade.”

A referência ao ex-presidente como alguém que “sempre foge” foi mais que uma crítica — foi um convite à lembrança de uma campanha eleitoral marcada por ausências, ataques virtuais e debates evitados.


Um Debate que Nunca Aconteceu

Haddad também não escondeu o ressentimento por um confronto que, segundo ele, nunca ocorreu. “Desde 2018, eu estou esperando esse homem para fazer um debate com ele”, declarou. “Ele se esconde nas redes sociais e hoje veio, mais uma vez, fazer uma coisa que raramente ele faz: mentir.”

A acusação se referia diretamente a uma publicação feita por Bolsonaro mais cedo no X (antigo Twitter). Na postagem, o ex-presidente compartilhou uma mensagem do deputado Filipe Barros (PL-PR), em que o parlamentar acusa o governo de dificultar o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). A alegação foi classificada por Haddad como uma mentira descarada — e, nas entrelinhas, como uma estratégia de vitimização.


Narrativas em Conflito

O clima no Palácio do Planalto, embora contido, era de tensão. Enquanto ministros aplaudiam discretamente e aliados de Lula acenavam em apoio, a fala de Haddad parecia ser parte de um jogo maior: o de reposicionar o governo em meio a um ambiente político cada vez mais polarizado.

A figura de Bolsonaro, ainda que ausente fisicamente, pairava sobre o evento. Cada palavra de Haddad parecia calculada para provocar reações, expor fragilidades e, talvez, atiçar um novo embate público.


O Que Está em Jogo?

A movimentação de Haddad acontece em um momento estratégico. O governo busca fortalecer sua imagem entre os setores populares, reforçar a narrativa de responsabilidade fiscal com sensibilidade social, e enfrentar uma oposição que, embora fragilizada judicialmente, segue ativa nas redes e nos bastidores do Congresso.

Mais do que um discurso inflamado, o que se viu nesta segunda-feira foi o prenúncio de uma disputa que pode se intensificar nos próximos meses. A batalha por narrativas está longe do fim — e cada palavra dita no Planalto parece cuidadosamente escolhida para marcar posição.


E o Silêncio de Bolsonaro?

Até o momento, o ex-presidente não respondeu diretamente às acusações. Seu silêncio, contudo, pode ser mais barulhento do que qualquer resposta. Para alguns analistas, o pedido de anistia — ainda não formalizado — seria o reconhecimento tácito de uma fragilidade política e jurídica. Para outros, uma jogada estratégica para angariar apoio antes de novos desdobramentos nos tribunais.

Enquanto isso, o governo Lula segue ocupando espaços, apontando dedos e reforçando suas trincheiras. E o ministro Fernando Haddad, antes figura mais técnica do governo, agora emerge como voz ativa num embate que ainda promete muitos capítulos.