Papa Francisco enviou recado para Bolsonaro antes de falecer; “Você tem que de… Veja mais

O mundo amanheceu em silêncio nesta segunda-feira (21), com a notícia do falecimento do Papa Francisco, aos 88 anos, após complicações causadas por uma pneumonia bilateral. Líder da Igreja Católica desde 2013 e o primeiro papa latino-americano da história, Francisco deixa um legado espiritual, moral e social que transcende crenças religiosas e ideologias. No Brasil, um dos primeiros a se manifestar publicamente foi o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que declarou profundo pesar pela perda e destacou o papel do pontífice como símbolo de “unidade, esperança e orientação moral para o Brasil e o mundo”.
O tributo de Bolsonaro ganhou destaque não apenas pelo teor emocional, mas também por resgatar um episódio tocante ocorrido em 2022: a carta enviada por Francisco após a morte de Olinda Bolsonaro, mãe do ex-presidente. O gesto, carregado de compaixão, ultrapassou qualquer barreira ideológica, marcando um momento raro de empatia entre figuras de posições públicas frequentemente divergentes.
O gesto inesquecível: Francisco e o consolo a Bolsonaro
Em agosto de 2022, durante a missa de sétimo dia de Olinda Bolsonaro, realizada em Brasília, o Monsenhor Joseph Antony Puthenpurayil leu, diante da família e dos fiéis, uma mensagem enviada diretamente pelo Papa Francisco. O texto expressava condolências sinceras e reconhecia o papel de Olinda como exemplo de fé cristã e dedicação familiar.
“Excelentíssimo senhor Jair Bolsonaro, apresento à Vossa Excelência e inteira família enlutada minhas sentidas condolências, invocando sobre todos o conforto do Altíssimo”, dizia a carta do pontífice. O documento também mencionava o desejo de “paz e felicidade eterna” para a alma de Olinda.
Esse gesto, aparentemente simples, teve um impacto profundo num período de intensa polarização política no Brasil. Apesar das diferenças públicas entre Francisco e Bolsonaro — especialmente em temas como meio ambiente, políticas sociais e imigração —, o respeito mútuo falou mais alto.
Francisco e o Brasil: uma relação de carinho
A relação entre o Papa Francisco e o povo brasileiro sempre foi marcada por afeto e admiração. Em 2013, o pontífice visitou o país pela primeira vez como líder da Igreja durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, sendo recebido com entusiasmo por milhões de fiéis. Desde então, manteve o Brasil entre os temas recorrentes de suas orações e mensagens, ressaltando o papel da família, da solidariedade e da justiça social.
Sua carta a Bolsonaro, mesmo diante de divergências políticas, reforça esse apreço pela cultura e pelos valores brasileiros — especialmente o da família, frequentemente exaltado tanto pelo Papa quanto pelo ex-presidente.
Uma despedida que emociona o mundo
A morte do Papa Francisco desencadeou uma onda de comoção em todos os continentes. No Vaticano, os preparativos para os ritos fúnebres já começaram e espera-se que milhões de fiéis se dirijam a Roma para se despedir pessoalmente do líder religioso. No Brasil, igrejas de todas as regiões celebram missas em sua homenagem, e líderes religiosos e políticos manifestam solidariedade ao povo católico.
Jair Bolsonaro, conhecido por sua formação católica e também por se aproximar de setores evangélicos ao longo de sua trajetória política, usou suas redes sociais para prestar homenagem ao Papa. Sem mencionar os atritos passados, a publicação do ex-presidente focou na espiritualidade e no legado humanista de Francisco.
Francisco: um papa além das ideologias
A marca do pontificado de Francisco foi sua constante defesa dos pobres, seu discurso de acolhimento aos marginalizados e sua crítica contundente ao consumismo e à indiferença social. Em um mundo cada vez mais fragmentado por disputas ideológicas, ele se destacou por propor um caminho centrado na empatia, na dignidade humana e no diálogo.
Sua relação respeitosa com líderes de diferentes vertentes políticas — inclusive com Jair Bolsonaro — evidencia o esforço contínuo de Francisco em construir pontes, mesmo onde pareciam haver apenas muros.
Reflexão final
A despedida de um líder como Papa Francisco é também um convite à reflexão coletiva: sobre o papel da fé, da compaixão e do respeito no mundo contemporâneo. A homenagem de Bolsonaro, ao trazer à tona um gesto de bondade vivido anos atrás, relembra que, mesmo em tempos de divisão, é possível encontrar humanidade no outro.
A história entre Francisco e Bolsonaro não é apenas sobre religião ou política. É sobre o poder da empatia. E esse talvez seja o maior legado do pontífice: lembrar-nos de que o amor ao próximo deve sempre vir antes da diferença.
