‘Quanta maldade’ Diretamente da UTI, Bolsonaro fica sabendo que seria p… Ver mais

Nem mesmo os corredores silenciosos da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital DF Star, em Brasília, conseguiram afastar a turbulência política que ronda Jair Bolsonaro. Internado há nove dias, o ex-presidente recebeu, nesta quarta-feira (23), uma visita incomum: uma oficial de Justiça do Supremo Tribunal Federal (STF) que foi até seu leito para formalizar a abertura de um processo penal. O motivo? Uma acusação gravíssima que o coloca no epicentro de uma suposta tentativa de golpe de Estado.
A oficial permaneceu por mais de 10 minutos na UTI. “Ela entrou para que eu assinasse”, contou Bolsonaro, em entrevista à CNN. O ex-presidente, que passou recentemente por uma cirurgia relacionada à facada sofrida em 2018, foi surpreendido pela citação judicial, que marca oficialmente sua condição de réu no processo.
Live virou prova de disponibilidade
O STF explicou que a decisão de realizar a citação presencial nesta data foi influenciada por uma transmissão ao vivo feita por Bolsonaro na noite anterior. A corte entendeu que, ao participar ativamente da live com os filhos, o ex-presidente demonstrava estar em condições de ser citado formalmente.
“Em virtude da internação do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi determinado que se aguardasse uma data adequada em que pudesse, normalmente, receber o oficial de Justiça. A divulgação da live realizada no dia anterior demonstrou essa possibilidade”, afirmou o STF, em nota.
Processo no STF: entenda o caso
A citação de Bolsonaro ocorre no contexto do julgamento que corre no Supremo Tribunal Federal, envolvendo uma investigação sobre uma tentativa de golpe para reverter o resultado das eleições de 2022. O processo foi oficialmente aberto em 11 de abril, e todos os envolvidos — incluindo Bolsonaro — deveriam ser notificados até o dia 15. A internação do ex-presidente, no entanto, adiou o cumprimento do rito judicial.
Agora, com a entrega formal da citação, o ex-presidente tem um prazo para apresentar sua defesa. A decisão representa mais um capítulo de embates entre o ex-chefe do Executivo e a Justiça brasileira.
O “núcleo 1”: grupo central da denúncia
A acusação apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) é contundente: Bolsonaro e outros sete aliados fariam parte do chamado “núcleo 1” da suposta conspiração para desestabilizar a democracia. Esse grupo seria o responsável direto por planejar e articular ações que poderiam culminar em um golpe institucional.
A Primeira Turma do STF foi unânime ao aceitar a denúncia. Os ministros Alexandre de Moraes (relator do caso), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin formaram o bloco que autorizou a abertura da ação penal. A partir de agora, os réus poderão ser julgados e eventualmente condenados, caso as provas apresentadas confirmem a versão da acusação.
Implicações políticas e jurídicas
Para Bolsonaro, a acusação formal representa um risco duplo: judicial e político. Do ponto de vista legal, o processo pode resultar em condenações que o tornem inelegível ou até mesmo levem à prisão. No campo político, o desgaste de imagem é significativo, especialmente num momento em que o ex-presidente tenta manter sua base de apoio ativa e consolidar uma possível candidatura futura.
Além disso, o avanço do processo também pressiona aliados, muitos dos quais seguem ocupando cargos de influência ou buscando se manter relevantes no cenário político nacional.
Internação sob os holofotes
Mesmo hospitalizado, Bolsonaro continua sendo uma figura central no noticiário brasileiro. Sua internação, que inicialmente parecia ser um momento de afastamento dos holofotes, acabou se transformando em palco de um episódio que deve marcar sua trajetória política nos próximos anos.
Durante live transmitida ao lado dos filhos na noite anterior à visita da oficial de Justiça, Bolsonaro afirmou que espera receber alta na próxima segunda-feira. Até lá, terá tempo para se reunir com advogados e traçar uma estratégia de defesa — que, tudo indica, será longa e complexa.
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