Luto: Morre querida JORNALISTA após t… Ver mais
O telejornalismo no Rio Grande do Sul perdeu, na última sexta-feira (25), uma das figuras mais emblemáticas de sua história. Julieta Amaral, pioneira ao se tornar a primeira mulher negra a apresentar um telejornal no estado, faleceu aos 62 anos. Sua trajetória foi marcada pela dedicação ao jornalismo e pela luta por representatividade e inclusão, abrindo portas para outros profissionais e deixando um legado profundo na mídia local e
Julieta enfrentou uma intensa batalha contra um câncer no pâncreas há três anos. Durante esse período, recebi tratamento no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, onde passei por diversos procedimentos para controlar a doença. Segundo familiares, o quadro de Julieta apresentou piora nos últimos dias, e ela não resistiu às complicações. Sua partida foi recebida com pesar por colegas e pela comunidade que acompanhava e admirava sua história de superação e co
Nascida em 8 de outubro de 1962, na cidade de Rio Grande, no litoral do estado, Julieta Amaral iniciou sua carreira no jornalismo com apenas 18 anos. Seu primeiro trabalho foi como revisor no Jornal Agora, um dos veículos mais tradicionais da região. Pouco depois, conquistou espaço em outros veículos importantes, como o Correio do Povo, já em Porto Alegre. Seu profissionalismo e dedicação levaram a integrar a equipe da RBS TV, afiliada da Rede Globo, onde se destacou por mais de três décadas com uma presença marcante na televisão gaúcha.
Ao longo de mais de 40 anos de atuação, Julieta Amaral cobriu eventos históricos e recebeu diversos prêmios que reconheciam seu talento e sua contribuição ao jornalismo. Entre as coberturas que marcaram sua trajetória, destaca-se o incidente com o Navio Bahamas, em 1998, um marco na cobertura de desastres marítimos no Brasil. Além de seu papel informativo, Julieta transmitia aos telespectadores uma visão humanizada das notícias, o que a diferenciava em uma época em que a televisão começava a consolidar seu papel na vida cotidiana das pessoas.
Para além das redações e estúdios, Julieta era uma figura ativa na luta pela igualdade racial e pelos direitos sociais. Sua atuação é além das câmeras, participando de projetos sociais voltados para jovens em situação de vulnerabilidade. Colaborou em iniciativas que oferecem acolhimento e oportunidades a esses jovens, promovendo a inclusão e o fortalecimento da cidadania. Como mulher negra, seu espaço na televisão era, também, um espaço de representatividade, que ela fazia questão de preenchimento com muito orgulho e responsabilidade, inspirando gerações de jornalistas.
O falecimento de Julieta Amaral deixa uma lacuna difícil de ser preenchida, mas seu exemplo de luta e comprometimento permanece. Em sua vida pessoal, deixa o marido, Pedro Amaral, e sua filha, Carolina, que está grávida de oito meses, prestes a dar à luz ao primeiro neto de Julieta. Em uma nota de despedida, familiares destacaram a força com que Julieta enfrentou tanto os desafios da profissão quanto os da vida, especialmente ao enfrentar a doença, sempre com esperança e dignidade.
O legado de Julieta Amaral é mais do que profissional: é humano e inspirador. Seu nome fica marcado na história do telejornalismo gaúcho não apenas por suas realizações, mas por ter pavimentado o caminho para a diversidade e a inclusão nas redações do Brasil. Com sua partida, ela deixa uma mensagem clara sobre a importância da igualdade e do respeito às diferenças, valores que sempre carregou consigo e transmitiu a todos que tiveram o privilégio de conhecê-la e de acompanhar sua carreira.