Muito chateado Bolsonaro manda recado para o STF, e choca ao dizer q… Ver mais

Em meio a um cenário político ainda marcado pelos desdobramentos do 8 de Janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou aos holofotes com declarações incisivas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o governo Lula. Durante uma manifestação em Brasília nesta quarta-feira (7), Bolsonaro criticou as articulações que buscam barrar a anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos e defendeu a soberania do Parlamento como único detentor do poder para decidir sobre o tema.
Apesar de recomendações médicas para evitar compromissos públicos, Bolsonaro surpreendeu ao anunciar sua presença poucas horas antes do evento. Internado por 21 dias em uma UTI após uma cirurgia intestinal, sua aparição reforçou o simbolismo do ato que, mais do que uma manifestação, se tornou uma plataforma de resistência política e institucional.
“O Parlamento decidiu”: a defesa de Bolsonaro
Sob os gritos de “anistia já”, Bolsonaro subiu ao palco ao lado de aliados e religiosos, como o pastor Silas Malafaia — organizador do evento — e reafirmou que a concessão da anistia é uma prerrogativa exclusiva do Legislativo:
“A anistia é um ato político e privativo do parlamento brasileiro. O parlamento votou, ninguém tem que se meter em nada: tem que cumprir a vontade do parlamento, que representa a vontade da maioria do povo brasileiro”, afirmou o ex-presidente em tom firme.
Cenário de tensão: STF e governo Lula resistem à proposta
Nos bastidores do poder, a batalha jurídica e política se intensifica. O STF, em conjunto com lideranças do Congresso, busca uma solução alternativa à proposta original do PL da Anistia. Entre as ideias em análise, está a chamada “modulação de penas”, que consiste em aumentar a punição para organizadores e financiadores dos atos, ao mesmo tempo em que suaviza as penas dos participantes de menor envolvimento.
O governo Lula, por sua vez, se opõe frontalmente tanto à proposta original quanto às alternativas. A avaliação dentro do Palácio do Planalto é de que conceder anistia abriria precedentes perigosos e enfraqueceria o papel das instituições na resposta aos ataques contra a democracia.
Ato ganha força com presença de parlamentares conservadores
O evento em Brasília contou com a presença de diversos parlamentares que ecoaram os discursos de Bolsonaro. Nikolas Ferreira (PL-MG), Eduardo Girão (Novo-CE), Hélio Negão (PL-RJ), Luciano Zucco (PL-RS) e Caroline de Toni (PL-SC) discursaram em defesa dos presos e pressionaram as lideranças do Congresso.
Os nomes de Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, e Davi Alcolumbre (União-AP), presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, foram mencionados em tom de cobrança, com pedidos para que se posicionem publicamente sobre o tema e pautem a votação do projeto.
Silas Malafaia e a estratégia da fé na política
A figura de Silas Malafaia, influente líder evangélico, foi central para a realização do ato. Com forte poder de mobilização dentro das igrejas evangélicas, Malafaia transformou o evento em um misto de comício, culto e protesto.
A escolha por Brasília como palco do ato teve um claro objetivo estratégico: pressionar diretamente o Congresso Nacional e reforçar a narrativa de que os condenados do 8 de Janeiro são vítimas de um sistema que estaria ignorando garantias constitucionais.
O que está em jogo?
A discussão sobre anistia vai além dos julgamentos do 8 de Janeiro. Para a base bolsonarista, trata-se de um teste de força política e de sobrevivência simbólica. Para o governo e o STF, representa uma linha vermelha: ceder agora significaria, na visão de ministros e juristas, comprometer a autoridade das instituições e abrir espaço para futuras ameaças à democracia.
Conclusão: anistia ou confronto institucional?
O embate entre os Três Poderes em torno da anistia revela o grau de polarização que ainda domina o cenário político nacional. Bolsonaro, mesmo fora do Planalto, mantém influência significativa e capacidade de mobilização — principalmente entre parlamentares e a base conservadora.
Enquanto isso, o Congresso é pressionado de todos os lados, em meio a uma opinião pública dividida. Conceder anistia pode ser visto como um gesto de reconciliação ou como uma perigosa leniência. A resposta, seja qual for, moldará os rumos da política brasileira nos próximos anos.
