PASMEM: Esse é o valor de salário que vai receber o Papa Leão XIV, mui… Ver mais

Uma nova era começa no Vaticano com a eleição de Robert Prevost, o papa Leão XIV, marcando um ponto de inflexão na história milenar da Igreja Católica. A ascensão do religioso dos Estados Unidos ao papado sinaliza mudanças profundas em meio a uma crise financeira e institucional herdada de seu antecessor, o papa Francisco.
Uma escolha histórica: o primeiro papa vindo da América do Norte
Na manhã desta quinta-feira (8), a Praça de São Pedro foi palco de um momento inédito: a fumaça branca anunciava não apenas a eleição de um novo pontífice, mas o início de uma era sem precedentes. Robert Prevost, até então cardeal e prefeito do Dicastério para os Bispos, foi escolhido como o novo líder espiritual de mais de 1,3 bilhão de católicos ao redor do mundo.
Nascido em Chicago, Prevost é o primeiro papa oriundo da América do Norte. Sua eleição rompe barreiras geográficas e inaugura uma liderança com potencial para dar nova direção à Igreja Católica, que enfrenta desafios contemporâneos tanto internos quanto externos. Com 69 anos, Leão XIV carrega consigo uma trajetória marcada pela moderação, experiência diplomática e um perfil pastoral próximo das bases.
Salário papal: tradição, renúncia e novo rumo
Segundo informações da agência italiana Ansa, Prevost terá direito a um salário de pelo menos 2,5 mil euros mensais — valor equivalente ao oferecido ao papa Francisco quando foi eleito em 2013. No entanto, a questão salarial do líder máximo da Igreja Católica tem se tornado cada vez mais simbólica.
Francisco, que faleceu no dia 21 de abril, abdicou formalmente desse salário. Inspirado em São Francisco de Assis, o papa argentino escolheu viver em “pobreza evangélica”, recusando privilégios financeiros e doando parte significativa de seus recursos. Em seus últimos dias, doou 200 mil euros de sua conta pessoal para detentos da prisão Casal del Marmo, em Roma.
No documentário “Amém: Perguntando ao Papa”, lançado em 2023, ele explicou essa escolha:
“Quando preciso de dinheiro para comprar sapatos ou algo assim, eu peço. Não tenho um salário, mas não me preocupo com isso, pois sei que serei alimentado de graça”, disse Francisco, em uma fala que capturou a essência de seu pontificado.
O legado econômico de Francisco
O novo papa também herda uma Igreja fragilizada financeiramente. Durante seu pontificado, Francisco enfrentou resistências dentro da própria cúria ao tentar sanar o crescente déficit das contas vaticanas. A pandemia de Covid-19 agravou ainda mais a situação, reduzindo drasticamente as doações e receitas do Vaticano.
Em resposta à crise, Francisco implementou cortes inéditos. Em 2021, ordenou a redução de 10% nos salários dos cardeais e congelou aumentos para outros membros do clero. Essa decisão visava proteger empregos administrativos e manter os serviços essenciais da Santa Sé.
Outras medidas incluíram o fim dos subsídios de aluguel para cardeais e bispos residentes no Vaticano. Até então, altos cargos da Igreja viviam em imóveis espaçosos com custos irrisórios, arcando apenas com despesas básicas como água e eletricidade. A partir de 2023, passaram a pagar aluguel de mercado, revertendo uma tradição de séculos.
Desafios para o novo pontificado
Leão XIV assume em um momento delicado, não apenas no campo financeiro, mas também em questões institucionais e pastorais. A desconfiança de setores mais conservadores, o declínio na frequência das missas e os escândalos sexuais ainda não resolvidos estão entre os obstáculos que exigirão habilidade política e espiritual.
Além disso, a reaproximação com fiéis distantes e a busca por maior transparência na gestão da Igreja são temas inevitáveis. A comissão criada por Francisco para incentivar novas doações à Igreja deve continuar sob o comando do novo pontífice, como parte de uma estratégia de revitalização da confiança entre clero e laicato.
O que esperar de Leão XIV?
O novo papa terá de equilibrar tradição e modernidade em um cenário global em transformação. Sua origem norte-americana pode abrir novos caminhos diplomáticos, especialmente no diálogo com potências políticas e religiosas. Seu perfil pastoral indica uma possível continuidade nos esforços por inclusão e escuta, marcas do pontificado anterior.
A escolha de Prevost não é apenas simbólica — é estratégica. Representa um Vaticano disposto a abrir portas e janelas para o mundo, enquanto tenta manter os pilares milenares da fé católica firmes diante das tormentas do século XXI.
