POLÍTICA

E agora Moraes? Diretamente dos EUA, Alexandre recebe a pior notícia, esta exp… Ler mais

O cenário político brasileiro ganhou um novo ingrediente internacional nesta segunda-feira (29/9), quando Martin de Luca, advogado do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma publicação polêmica em sua conta no X (antigo Twitter). O jurista não poupou críticas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a quem chamou de “descarado”. O motivo da declaração foi a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que atualmente reside nos Estados Unidos.

Na publicação, De Luca afirmou que Moraes estaria agindo de maneira incoerente ao cobrar que Eduardo responda a processos no Brasil, ao mesmo tempo em que, segundo ele, o próprio ministro estaria evitando responder a uma citação judicial na Flórida. “Alexandre de Moraes está reclamando que Eduardo está se esquivando do processo criminal que Moraes abriu contra ele por discurso em solo americano. Incrivelmente descarado, vindo de um homem que vem se esquivando do serviço no caso Rumble contra ele na Flórida há sete meses”, escreveu o advogado, que ainda ironizou a situação.

O caso citado por De Luca envolve um processo movido pela Trump Media & Technology Group e pela plataforma Rumble, que tramita na Justiça norte-americana desde o início do ano. A ação questiona decisões de Moraes que impactaram diretamente no funcionamento das redes sociais no Brasil, especialmente após medidas de bloqueio de perfis e canais digitais. De acordo com o advogado, até hoje Moraes não teria se manifestado oficialmente no processo, o que estaria atrasando seu andamento.

A declaração repercutiu no mesmo dia em que Moraes determinou que Eduardo Bolsonaro fosse notificado da denúncia apresentada pela PGR. O deputado é acusado de incitar ataques contra o sistema eleitoral brasileiro durante um discurso feito em solo americano. A fala gerou a abertura de um processo criminal no Brasil, mas Eduardo, que vive atualmente nos Estados Unidos, vem se esquivando de responder às autoridades brasileiras. Além disso, ele tem atuado para articular, junto a parlamentares e organizações estrangeiras, medidas de pressão contra ministros do Supremo e outras autoridades brasileiras.

O embate entre Moraes e Eduardo ganha contornos ainda mais complexos quando inserido em uma disputa que ultrapassa fronteiras. De um lado, o Supremo Tribunal Federal busca responsabilizar figuras públicas por ataques às instituições democráticas brasileiras; de outro, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e de Donald Trump tentam enquadrar essas ações como perseguições políticas. A fala de De Luca, advogado próximo do núcleo trumpista, fortalece essa narrativa e pode servir de combustível para tensionar ainda mais a relação entre os dois países.

Vale lembrar que Alexandre de Moraes já foi alvo de diversas campanhas de difamação nas redes sociais e que, em várias ocasiões, tornou-se símbolo da resistência do Judiciário contra a desinformação e os ataques às instituições. A acusação de “descarado” feita por um jurista estrangeiro, ligado a Trump, amplia a polêmica e gera desconforto diplomático, já que envolve diretamente uma autoridade da mais alta corte do Brasil. Especialistas em relações internacionais avaliam que, caso o tom se mantenha, não está descartada a possibilidade de repercussões políticas no campo da cooperação jurídica entre Brasil e Estados Unidos.

A situação reacende um debate sensível: até que ponto figuras políticas brasileiras podem utilizar conexões internacionais para evitar ou retardar processos judiciais em andamento no país? Enquanto a defesa de Eduardo Bolsonaro busca respaldo fora do Brasil, o Supremo intensifica esforços para garantir que a lei alcance todos os cidadãos, independentemente de onde estejam. O episódio evidencia como as disputas jurídicas e políticas brasileiras estão cada vez mais entrelaçadas com movimentos globais, em especial os que orbitam em torno do trumpismo.

No centro dessa batalha, permanece uma pergunta que ecoa entre especialistas e a opinião pública: trata-se de uma defesa legítima de direitos políticos ou de uma tentativa de desestabilizar as instituições brasileiras por meio da arena internacional? A resposta ainda está em aberto, mas o certo é que a polêmica não deve terminar tão cedo. Enquanto isso, o Brasil acompanha de perto mais um capítulo dessa disputa que mistura direito, política e diplomacia — e que promete abalar os próximos meses.