POLÍTICA

Acaba de ser liberado: Pedido de Bolsonaro a Moraes é finalmente aceito… Ler mais

Em mais um capítulo do conturbado cenário político e jurídico envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a defesa do ex-mandatário protocolou nesta terça-feira (8) um novo pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF). O documento solicita autorização do ministro Alexandre de Moraes para que Bolsonaro possa receber, em sua residência, a visita de seu barbeiro de confiança, Charlinston Borges Fernandes. O pedido, que pode parecer trivial à primeira vista, reflete o rigor das restrições impostas pela prisão domiciliar decretada em agosto deste ano e reacende o debate sobre os limites das medidas cautelares aplicadas a ex-chefes de Estado.

Segundo os advogados de Bolsonaro, o atendimento seria exclusivamente para “prestação de serviços de barbearia”, seguindo todas as determinações impostas pelo Supremo. A defesa destaca que Charlinston Fernandes já acompanha o ex-presidente há anos, sendo o profissional responsável por sua imagem pública durante o mandato. O pedido, portanto, não teria caráter de visita pessoal, mas sim de atendimento profissional essencial, uma vez que Bolsonaro, por determinação judicial, não pode sair de casa nem receber visitas sem prévia autorização do ministro Alexandre de Moraes — exceção feita apenas a familiares e advogados.

Desde o dia 4 de agosto, Jair Bolsonaro cumpre prisão domiciliar por decisão de Moraes no âmbito do inquérito 4.995, que investiga suposta tentativa de articulação, liderada por seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), para promover sanções dos Estados Unidos contra autoridades brasileiras. O ministro entendeu que o ex-presidente violou restrições anteriores, especialmente a proibição de uso de redes sociais, e decidiu impor o regime domiciliar como medida cautelar. Desde então, Bolsonaro vive sob vigilância constante, com monitoramento de visitas e controle rigoroso de comunicações.

Apesar do isolamento, o ex-presidente tem recebido algumas autorizações pontuais para visitas políticas. Nesta semana, Moraes liberou a ida do presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, à residência de Bolsonaro, localizada em Brasília. Os encontros estão marcados para os dias 9 e 20 de outubro e devem tratar de estratégias eleitorais para 2026 e da reestruturação da base conservadora após a série de derrotas jurídicas e políticas enfrentadas pelo ex-presidente. Esses encontros sinalizam que, mesmo em prisão domiciliar, Bolsonaro segue influente dentro de seu grupo político e mantém interlocução com lideranças da direita.

A defesa, por sua vez, busca flexibilizar as restrições. No último dia 24 de setembro, os advogados solicitaram a revogação da prisão domiciliar, alegando que Bolsonaro ainda não foi formalmente denunciado no inquérito. Para os representantes legais do ex-presidente, as medidas impostas seriam desproporcionais e não mais justificáveis, sobretudo diante da ausência de novas provas ou movimentações significativas na investigação. “Trata-se de medida excessiva que fere princípios constitucionais da razoabilidade e da presunção de inocência”, afirmam os defensores em nota enviada à imprensa.

O pedido para receber o barbeiro, entretanto, chamou a atenção não apenas pela curiosidade do caso, mas também pelo simbolismo político. Nas redes sociais, apoiadores de Bolsonaro reagiram com ironia, dizendo que até o corte de cabelo do ex-presidente estaria sendo “censurado”. Críticos, por outro lado, veem o movimento como uma tentativa de humanizar a imagem de Bolsonaro diante do cerco judicial e midiático. Especialistas em direito penal avaliam que o pedido não é inédito, mas incomum. Em situações de prisão domiciliar, o STF costuma analisar caso a caso, ponderando a necessidade da visita e o risco de descumprimento das medidas impostas.

O episódio revela, mais uma vez, como a rotina de Jair Bolsonaro segue cercada de tensões políticas e jurídicas, mesmo fora da prisão tradicional. Enquanto seus advogados lutam para derrubar as restrições, o ex-presidente mantém o foco em preservar sua influência no cenário político nacional, preparando o terreno para as próximas disputas eleitorais e buscando consolidar sua imagem entre os apoiadores mais fiéis. A decisão de Moraes sobre o barbeiro ainda não foi divulgada, mas o pedido reforça o clima de vigilância e a complexa relação entre o STF e o ex-presidente — uma relação que, ao que tudo indica, continuará sendo um dos principais pontos de atenção da política brasileira nos próximos meses.