POLÍTICA

FARRA DO INSS: Filho do presidente Lula acaba de ser d… Ver mais

A CPMI do INSS deve viver um dos seus momentos mais aguardados nesta quinta-feira (4), quando será votado o requerimento para convocar Fábio Luís Lula da Silva, conhecido como Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A possível participação dele como depoente movimenta os bastidores do Congresso, desperta atenção de diferentes setores políticos e promete elevar a temperatura dos debates dentro da comissão. A medida tem sido tratada como um passo decisivo para ampliar a transparência sobre as investigações envolvendo o esquema de descontos irregulares em aposentadorias e pensões, caso que vem mobilizando parlamentares desde agosto.

O presidente da CPMI, deputado Arthur Viana (PSD-PA), anunciou em sua rede social X — antigo Twitter — que cada requerimento será analisado separadamente. Segundo ele, o objetivo é garantir que o país acompanhe com clareza como cada parlamentar se posiciona diante das propostas apresentadas. Com isso, a votação ganha caráter ainda mais simbólico, já que expõe a responsabilidade individual dos integrantes da comissão e evita decisões tomadas em bloco, prática que muitas vezes passa despercebida pelo grande público.

O pedido de convocação de Lulinha foi apresentado pelo partido Novo, que afirma ter identificado indícios financeiros que sugerem uma possível conexão entre operadores do esquema conhecido como “Farra do INSS” e pessoas próximas ao presidente da República. Entre os elementos citados está o caso de Ricardo Bimbo, dirigente do PT, que teria recebido mais de R$ 8,4 milhões de uma empresa investigada e, no mesmo período, realizou o pagamento de um boleto ligado ao contador de Lulinha. Esse contador, segundo o requerimento, é investigado na Operação Fim da Linha, por suspeita de envolvimento em práticas financeiras irregulares. A legenda do Novo argumenta que tais pontos justificam o depoimento como forma de esclarecer vínculos indiretos que possam ter relevância para o caso.

O requerimento é assinado pelos deputados Marcel van Hattem (Novo-RS), Eduardo Girão (Novo-CE), Adriana Ventura (Novo-SP) e Luiz Lima (Novo-RJ), que defendem apuração sem limitações políticas. Para eles, a CPMI só cumprirá sua finalidade se analisar todos os aspectos que possam ter impacto no esquema, incluindo eventuais ligações contábeis, operacionais ou financeiras que envolvam figuras públicas. O partido sustenta que ouvir Lulinha seria essencial para confirmar ou descartar de maneira definitiva qualquer participação indireta, evitando especulações futuras e fortalecendo a credibilidade das investigações.

O debate sobre convocações de nomes próximos ao presidente não é novo dentro da CPMI. Em outubro, a base governista rejeitou o pedido para ouvir José Ferreira da Silva, o Frei Chico, irmão de Lula e tio de Lulinha. Embora ele tenha ocupado o cargo de vice-presidente do Sindnapi, entidade mencionada nas investigações, não é alvo formal da Polícia Federal. Na mesma fase, aliados do governo também conseguiram retirar da pauta requerimentos que buscavam quebrar o sigilo do ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, que comandava a pasta quando os descontos irregulares vieram à tona em abril. Essas decisões geraram críticas da oposição, que acusa o governo de tentar proteger aliados.

A CPMI foi instalada em 20 de agosto com a missão de investigar o esquema de descontos associativos aplicados de forma irregular em benefícios do INSS. A situação foi descoberta após ações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, que identificaram procedimentos utilizados para inserir cobranças indevidas em aposentadorias e pensões. A comissão tem prazo inicial de funcionamento até março de 2026, com possibilidade de prorrogação. Desde o início, o colegiado se tornou palco de disputa política: enquanto a oposição tenta relacionar a expansão dos descontos ao atual governo, parlamentares da base argumentam que os problemas ocorrem desde 2019, ainda no governo de Jair Bolsonaro (PL).

O histórico de comissões parlamentares também pesa no ambiente político. Apesar de ser uma ferramenta tradicionalmente utilizada por minorias para fiscalizar o Executivo, a oposição teme repetir o episódio da CPMI do 8 de Janeiro, que terminou gerando desgaste para parlamentares bolsonaristas. Na CPMI do INSS, o governo conseguiu formar maioria ao indicar membros que nem assinaram o pedido original de criação da comissão, mas, mesmo assim, enfrentou contratempos ao não conquistar o comando do colegiado. Agora, com a votação sobre Lulinha, o clima se intensifica e amplia o impacto político das decisões que serão tomadas.