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A comunidade acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) amanheceu em profundo pesar nesta segunda-feira (1º) com a notícia do falecimento de Carlos Alberto Bissani, aos 67 anos. Internado no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, o professor teve sua morte comunicada pelas redes sociais da Faculdade de Agronomia, instituição que marcou sua trajetória profissional e onde construiu uma carreira reconhecida nacional e internacionalmente. A mensagem publicada pela universidade rapidamente mobilizou colegas, alunos e pesquisadores que conviveram com Bissani e puderam testemunhar seu comprometimento com o ensino e a ciência.
Formado em Agronomia pela própria UFRGS em 1982, Bissani deu os primeiros passos de uma jornada que seria marcada pela excelência acadêmica. Apenas três anos depois, concluiu o mestrado em Solos, demonstrando desde cedo seu interesse pela compreensão profunda dos processos que regem a dinâmica do solo e sua importância para a agricultura sustentável. Incansável em seu desejo de aperfeiçoamento, buscou em 2000 o doutorado em Ciência do Solo na University of Wisconsin–Madison, nos Estados Unidos, experiência que ampliou ainda mais sua visão científica e colaborou para consolidar seu nome entre os principais especialistas da área.
Seu retorno ao Brasil coincidiu com um período de grande expansão da pesquisa agrícola e ambiental, e Bissani teve papel fundamental nesse avanço. Desde 1991, quando ingressou no Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia da UFRGS, dedicou-se intensamente à formação de novos profissionais e ao desenvolvimento de estudos que contribuíram para o aprimoramento das práticas agrícolas. Ao longo dos anos, tornou-se professor titular e também uma referência para estudantes de graduação e pós-graduação que buscavam na ciência do solo um caminho de inovação e cuidado com os recursos naturais.
Entre suas principais áreas de atuação, destacaram-se temas relacionados à química e fertilidade do solo, sempre com o foco em compreender como nutrientes, elementos indesejáveis, acidez e práticas de manejo influenciam diretamente a produtividade e a sustentabilidade agrícola. Bissani foi responsável por pesquisas importantes sobre calagem, resíduos orgânicos e fertilizantes, estudos que ganharam reconhecimento por sua relevância prática e pelo impacto direto no desenvolvimento de técnicas mais eficientes e ambientalmente responsáveis. Seu trabalho contribuiu para orientar produtores, pesquisadores e órgãos públicos na adoção de estratégias que respeitam o equilíbrio do solo e favorecem sistemas agrícolas mais resilientes.
Além da atuação científica, o professor também se destacou pela capacidade de gestão e liderança dentro da universidade. Entre 2001 e 2004, coordenou o Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, momento em que ajudou a fortalecer a produção acadêmica e a internacionalização do curso. Posteriormente, foi membro e presidente da Câmara de Pós-Graduação da UFRGS entre 2004 e 2008, participando ativamente de decisões estratégicas para o crescimento e a consolidação da instituição como referência em ensino superior no país. Sua visão equilibrada e dedicação à educação superior deixaram marcas expressivas na estrutura acadêmica da universidade.
Nos anos seguintes, Bissani assumiu novos desafios administrativos, ocupando a vice-direção da Faculdade de Agronomia de 2008 a 2016. Em 2016, foi eleito diretor da unidade, cargo que exerceu até 2024. Durante esse período, trabalhou para aproximar ainda mais a universidade do setor produtivo, ampliar a infraestrutura de ensino e pesquisa e incentivar projetos colaborativos capazes de transformar realidades dentro e fora do ambiente acadêmico. Colegas ressaltam que Bissani combinava firmeza e sensibilidade em suas decisões, sempre atento às necessidades da comunidade acadêmica e ao compromisso institucional com a ciência e o desenvolvimento social.
A trajetória de Carlos Alberto Bissani deixa um legado que transcende as fronteiras da UFRGS. Seu trabalho formou gerações de profissionais, influenciou políticas de manejo agrícola e ajudou a fortalecer a pesquisa brasileira em ciência do solo. Para muitos, sua história é um exemplo de dedicação, ética e paixão pela ciência. Embora sua partida cause grande sentimento de perda, sua contribuição permanece viva nas pesquisas que orientou, nas aulas que ministrou e nos inúmeros projetos que ajudou a construir. A UFRGS e toda a comunidade científica brasileira se despedem de um professor cuja trajetória continuará inspirando futuros pesquisadores por muitos anos.





