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Novo Papa fez críticas à Donald Trump em suas redes sociais. “Você tem que amar os g”… Ver mais

O mundo católico assistiu nesta quinta-feira (8) a um momento inédito: a escolha do primeiro papa norte-americano da história. Robert Francis Prevost, até então um nome pouco conhecido fora dos círculos eclesiásticos, foi anunciado como o novo líder da Igreja Católica, assumindo o nome de Papa Leão XIV. Mas sua eleição não foi marcada apenas pelo simbolismo histórico — ela também trouxe à tona posições políticas firmes que já provocaram atritos com figuras influentes dos Estados Unidos, incluindo o ex-presidente Donald Trump e seu vice, JD Vance.

Um Papa com Opiniões Firmes

Antes mesmo de vestir a batina branca, Prevost já dava sinais de que seu papado teria voz ativa nas discussões sociopolíticas contemporâneas. Em sua última publicação na rede social X (antigo Twitter), ainda como cardeal, ele repostou uma crítica contundente à política de deportações da era Trump, citando o caso polêmico de Kilmar García — um salvadorenho deportado indevidamente pelos EUA e enviado a uma prisão em El Salvador.

O repost mencionava diretamente os nomes de Trump e do presidente salvadorenho, Nayib Bukele, apontando-os como “cúmplices de uma deportação ilícita orquestrada a partir do Salão Oval”, uma acusação rara vindo de uma figura religiosa de alto escalão. A atitude reforça uma nova postura da Igreja que pode se consolidar com Leão XIV: um papado mais engajado politicamente e sem medo de confrontos institucionais.

Embate com o Vice de Trump: Cristianismo em Disputa

Outro episódio que antecedeu sua eleição foi um embate virtual com JD Vance, atual vice-presidente de Trump e católico declarado. Vance acusou a “extrema esquerda” de deturpar os valores cristãos em uma entrevista à Fox News. Segundo ele, há uma inversão perigosa de prioridades: “Você ama primeiro sua família, depois sua comunidade e por último o resto do mundo. A esquerda inverteu isso.”

Prevost, por sua vez, rebateu a lógica de Vance com um comentário direto e teológico: “Cristo lavou os pés dos estrangeiros antes de sentar com os apóstolos”, indicando que o amor cristão não reconhece fronteiras políticas ou hierarquias nacionalistas. A frase viralizou entre religiosos progressistas e sinalizou que o novo papa pode ser mais vocal na defesa de imigrantes e minorias, seguindo — e talvez aprofundando — o legado reformista de Francisco.

Trump Cumprimenta, Mas Tensão é Latente

Apesar das divergências, Trump cumprimentou o novo pontífice com uma mensagem diplomática. “Parabéns a Leão XIV, o primeiro Papa americano, por sua eleição! Tenho certeza de que milhões de católicos americanos e outros cristãos rezarão por seu trabalho bem-sucedido à frente da Igreja. Que Deus o abençoe!”, publicou.

O tom cordial, no entanto, não apaga a tensão evidente. A relação entre a administração Trump e o Vaticano já havia se desgastado durante o papado de Francisco, e a escolha de Prevost pode indicar que os próximos anos serão marcados por um catolicismo mais crítico ao populismo conservador — mesmo quando ele parte do país natal do novo papa.

Discurso de Paz e um Desafio Global

Em sua primeira aparição pública após a tradicional fumaça branca sair da Capela Sistina, Leão XIV surgiu na sacada da Basílica de São Pedro com um tom conciliador. “A paz esteja com todos vocês. Esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado”, declarou, diante de milhares de fiéis na Praça de São Pedro. O novo papa fez questão de destacar a importância de que essa paz “entre nos corações”, deixando claro que a espiritualidade também terá um papel central em sua liderança.

O Contexto da Eleição

A escolha de Leão XIV aconteceu de forma rápida, no segundo dia do conclave, apesar das especulações de que o processo se estenderia por mais tempo devido ao número recorde de cardeais votantes: 133. O anúncio veio após duas rodadas inconclusivas, com fumaça preta subindo da chaminé da Capela Sistina na quarta-feira (7) e na manhã de quinta.

A eleição ocorre apenas 17 dias após a morte do Papa Francisco, vítima de um AVC e insuficiência cardíaca. Embora sua saúde já estivesse fragilizada, a notícia abalou o mundo católico, que via em Francisco um líder espiritual carismático e reformador. Agora, Leão XIV herda o desafio de continuar — ou reinventar — essa missão.

Um Novo Capítulo na Igreja

Aos 69 anos e com apenas dois anos como cardeal, o novo papa assume a Igreja Católica em um momento de transformações profundas: queda no número de fiéis na Europa e América Latina, crescente secularização e desafios éticos frente à tecnologia, mudanças climáticas e desigualdade social.

Resta saber se Leão XIV manterá o espírito conciliador de seu primeiro discurso — ou se os embates com o poder político, inclusive dos EUA, marcarão o tom de um papado que já começou de forma surpreendente.